Porsche 550 SPYDER - Uma outra história de sucesso

Cascais 1965

Antes , muito antes , de haver autódromo no Estoril , faziam-se corridas de automóveis em Cascais e suspeito que deveriam ser bem interessantes , pelo menos no que respeita ao traçado e ao ambiente . Esta imagem foi obtida num lugar onde hoje existe um restaurante ( Entráguas ), na estrada que leva à Costa da Guia e ao Guincho .
O que aqui nos interessa é o 356 branco que , diz a legenda , tem ao volante o senhor H. Meiners , personagem sobre o qual não tenho qualquer informação . No entanto , o carro tem matrícula portuguesa ( CB-95-34) , pelo que poderá tratar-se de algum estrangeiro residente em Portugal ou de alguém que veio expressamente para a corrida , o que duvido .
Penso tratar-se de um modelo C e que poderia estar com problemas mecânicos ( uma raridade , nestes carros ) a avaliar pela trajectória pouco ortodoxa e pela facilidade com que o Lotus se prepara para ultrapassar .

Volto Já !

Depois da intensa produção bloguística dos últimos dias , fiquei a precisar de umas férias repousantes . Por isso parto para os lagos do norte de Itália , mas prometo voltar .
Lá para Agosto .
Com muita pena minha , ainda não será desta que voltarei ao volante de um Ferrari . Mas , um dia , quem sabe ?
Mas nunca em troca do 356 . Esse é para ficar .
Ciao !

O Brinquedo do André

Não foi presente do Pai Natal nem veio de trenó , puxado por renas galopantes . Os tempos hoje são outros e o André já olha para essas histórias com alguma desconfiança . Coisa de quem nasceu no século XXI e se prepara para enfrentar um Mundo em permanente e rápida evolução , mais pragmático e menos romântico .
Mas não existe evolução sem História e essa é feita de acontecimentos e conquistas .
É por isso que o novo brinquedo do André vai atingir , ao longo da sua vida , a dimensão dos tesouros e o simbolismo de que são feitos os mitos , pois vem já com meio século de vitórias e um passado de enorme nobreza . Imagine-se , agora , o que será daqui por mais cinquenta anos , quando o fantástico brinquedo do André se tornar centenário ...
O carrinho azul-celeste , recém adquirido na terra de Mozart pelo pai do André , dá pelo nome de Porsche 356 Speedster e nasceu em 1955 , em Stuttgart , na Alemanha . Deste modelo apenas foram construidos 1000 exemplares e estima-se que , actualmente , menos de metade continuem vivos e de boa saúde . Essa a razão pela qual estes carros são hoje negociados a preços verdadeiramente exorbitantes , da ordem dos seis dígitos de euros , e presume-se que os valores continuem a subir em flecha durante as próximas décadas , tal como acontece com as melhores obras de Arte .
Por essas e por outras é que o André vai ser , ao longo da sua vida , o fiel depositário deste tesouro , até que outra geração o receba , pois a verdadeira Arte não pertence a ninguém , apenas vai sendo passada de mão em mão ao longo dos tempos .


500 Milhas ACP 2007

Participar nas 500 Milhas ACP não é para qualquer um. Primeiro é preciso ter um automóvel clássico, o que pelos padrões da prova é um veículo fabricado até 1970; segundo, tem que se acreditar que a máquina vai aguentar o percurso entre Trás-os-Montes e o Algarve num só dia e por estradas, na sua maioria, secundárias.
Os 57 participantes deste ano acreditaram nisso e mais: a maior parte saiu de Lisboa conduzindo as suas viaturas e voltou do mesmo modo, perfazendo assim mais de 1.600 quilómetros. Só houve uma desistência. O sucesso foi garantido em grande parte pelos representantes da Assistência ACP destacada pelo clube para garantir o apoio e a manutenção dos automóveis em prova. Ao longo de mais de 800 quilómetros, apoiada pela Estradas de Portugal, os concorrentes enfrentaram 17 provas classificativas. Este ano manteve-se o espírito da ligação de Norte a Sul, mas evitou-se seguir pela E.N.2, a estrada mais longa do país, percurso seguido no ano passado. Assim as 500 Milhas percorreram-se em estradas do interior. O primeiro concorrente partiu de Bragança às 5h 01m e chegou ao Algarve, a Vilamoura, pelas 22h 22m, mais de dezassete horas depois.
As refeições em Figueira de Castelo Rodrigo, Idanha-a-Nova e Alqueva garantiram curtos períodos de repouso antes da continuação da prova de resistência de máquinas e de paciência dos homens.
Na classe D venceu Fernando Gomes Diogo acompanhado por Maria Nair Gomes Diogo num Citroën 11 BL, de 1938. Na classe E Fernando Carpinteiro Albino com Eduardo Carpinteiro Albino obtiveram o primeiro lugar em Porsche 356 Super 90, de 1960. Finalmente, na classe F, a vitória para Pedro Jerónimo com Carlos Hipólito ao volante de um Porsche 356 B, de 1963.
( retirado do site ACP / Clássicos )

O 356 B de Pedro Jerónimo / Carlos Hipólito , vencedor da Categoria F , ao lado do Porsche mais bonito do Mundo . O meu , claro .




O carro de Fernando Carpinteiro Albino , vencedor da Categoria E , sofreu alguns "arranhões" durante o transporte em camião até Bragança .

Fernando Santos Silva

Este 356 A consta da biografia de Nicha Cabral como tendo sido um dos carros onde o nosso primeiro piloto de Fórmula 1 fez a sua aprendizagem de competição . Consigo imaginá-lo a descer a Av Gomes da Costa , de madrugada , com o "pé" no fundo e as rotações no limite , para gáudio dos noctívagos .

Mário Vital de Melo

Por trás desta suave pele de cordeiro , esconde-se um lobo feroz pronto a devorar a sua presa na primeira oportunidade .
De facto , este 356 C está profundamente "envenenado" , a nível de preparação mecânica , estimando-se que a potência do motor possa andar perto dos 130 hp coisa que , óbviamente , proprietário e preparador negam com toda a veemência . Originalmente , este motor debitava uns honestíssimos 75 hp , que chegavam e sobravam para proporcionar enormes doses de divertimento .
A aceleração é brutal , posso testemunhar , e o ruído proporcionado pelo sistema de escape especial também ajuda à emoção . Note-se que , na época , apenas os 356 versão "Carrera" conseguiam performances deste tipo .

Joaquim Filipe Nogueira

Foi um dos mais bem sucedidos pilotos da sua geração e um dos prmeiros a internacionalizar-se , como se comprova por estas magníficas fotografias retiradas do site "Interclássico".
Na primeira , vê-se Filipe Nogueira olhando enternecidamente para o 356 que vai tripular em Nurburgring , em 1956 . Segue-se um instantâneo tirado no Tour de France , em 1952 , e um delicioso "bilhete postal" ilustrado documentando a participação do nosso compatriota no Rallye de Monte Carlo de 1955 .


À Procura do Tempo Perdido

Algures no meio do Portugal profundo , a equipa do Porsche nº 635 ( Guedes & Gilbert ) esforça-se por manter o ritmo , durante as 500 Milhas do ACP 2006 , tendo em fundo a silhueta ameaçadora do Ferrari 250 Lusso de Carlos Barbosa .
Apesar da inexperiência da tripulação , foi possível terminar a prova sem sobressaltos de maior e com uma classificação mais do que razoável .
Em 2007 seria bem mais difícil . Mas isso é outra história .

( Fotografia de Miguel Brito )

Rallye de Monte Carlo 1961

Basílio dos Santos utilizou este 356 Roadster na edição de 1961 do rallye de Monte Carlo . Desconheço a classificação , mas imagino que não faria muito calor no interior do carro . No exterior havia neve com abundância , como é habitual .
Apesar do trio de faróis extra , a iluminação não era o ponto forte destes modelos , então ainda equipados com um sistema eléctrico de 6 volts .

No XXX Rallye de Monte Carlo, disputado em 1961, inscreveram-se 346 equipas, alinharam 305 à partida, desistiram 150 durante a dura prova, nesse ano cheia de neve e zonas de piso com gelo, chegando assim à meta apenas 155. Destes, apenas 120 se classificaram, e entre eles figura a equipe de Alfredo Torres e José Santos, em 71º lugar. Note-se que escolheram Lisboa como local de partida, 24 equipas. (Informação presente na revista do ACP de 1961)

( Colaboração de Miguel Brito )

Luis Soromenho , ex-356

Este 356 C será , provávelmente , um dos modelos melhor conservados , em Portugal . Apesar disso , consta que acaba de ser trocado por ... um Jaguar !!!!
Quem será o actual ( e feliz ) proprietário ?
A imagem é relativa ao prólogo das 48 Horas do Alentejo de 2005 , uma das excelentes organizações do Luis Brito em que também tive o prazer de participar .
PS - Volta , Luis, estás perdoado !

Convertible e SC

Em primeiro plano o 356A Convertible de 1958 , de Tiago Vale , precedendo o SC Coupé de António Cardoso Lima , de 1964 .

João Paulo Sottomayor

Foi um dos maiores entusiastas do Porsche 356 , tendo participado em vários circuitos com o seu carro de "todos os dias" . De facto , a maior parte dos privados possuidores destes carros limitavam-se a tirar os pára choques e os tampões das rodas para , depois , irem correr .
Este era o tempo dos "gentlemen drivers" , não havia lugar para grandes "truques" ou para qualquer forma de batota .
As fotos dizem respeito ao Circuito de Lordelo" de 1966 e foram obtidas pelo Carlos Gilbert .
O João Paulo Sottomayor abandonou as corridas há muito tempo e é hoje um bem sucedido fotógrafo profissional .

Américo Nunes

Uma vida inteira ao volante de Porsches , assim se poderia descrever a bem sucedida carreira de piloto automóvel de Américo Nunes . Óbviamente , começou pelos 356 , modelos A e C , aqui representados .

1951 pre-A

Este pre-A de 1951 foi comprado por Manuel Dílio da Silva , meu tio , que com ele participou em algumas provas de velocidade e rallyes . A fotografia documenta a preparação para o Rallye do F.C. do Porto de 1951 , cuja classificação ignoro .
Sentado no capot está o meu primo Sérgio , com cara de poucos amigos.
O carro viria a ser vendido pouco depois , não se sabe a quem nem para onde .

Um Dos Primeiros

Estava-se em 1952 e o senhor de mãos nos bolsos e pose de galã de cinema dava pelo nome de Joaquim Filipe Nogueira , então no início da sua fulgurante carreira como piloto de velocidade .
Nada melhor que um 356 pre-A para começar a somar vitórias .

Sua Excelência

Eu próprio , claro .
A imagem documenta uma das primeiras vezes em que me aventurei numa prova de regularidade , neste casso as 48 Horas do Alentejo de 2005 .
Antes disso já tinha passado pelo Circuito da Boavista e pelo Rallye de Mafra , mas os verdadeiros testes foram as 500 Milhas do ACP de 2006 e 2007 , ambas concluídas sem sobressaltos de maior , embora a edição deste ano tenha visto a quebra do cabo do acelerador já perto do destino , gentileza de uma lomba metálica colocada em local impróprio .
Mas não seria coisa tão pequena a impedir a chegada à meta , que aconteceu perfeitamente dentro dos limites , ao fim de dezasseis horas de esforço .
De resto , meio litro de óleo e ... é tudo !
Dados vitais :
Porsche 356 B 90 , de 1963 , produzido nos ateliers Karmann .
Chassis nº 213 197
Carburadores Solex . Árvore de cames alterada .
Taxa de compressão 9:1 , produzindo 90 hp ás 5500 rpm .
Importado da Alemanha em 2004 , após leilão no eBay .
Não . Não está à venda . É , e continuará a ser , o meu carro de "todos os dias" .